Conference In: cienciavitae
Conhecer os utilizadores para planear as infra-estruturas cicláveis em meio urbano
XI Congresso Ibérico “A Bicicleta e a Cidade
2014
—Key information
Authors:
Published in
05/03/2014
Abstract
Em cidades onde o uso da bicicleta começa a ter significado crescente como meio de transporte pendular ou em ocupação recreativa, o planeamento e gestão da rede ciclável carece ainda de dados sobre a sua real utilização. Embora a teoria e as boas práticas de outras cidades informem a criação de boas soluções de infra-estruturas viárias, nem sempre há adequada resposta por parte do planeamento e gestão municipal para os utilizadores de bicicleta em meio urbano, nomeadamente por falta de informação sobre os percursos que realmente escolhem e as necessidades que reclamam. Para a Gestão municipal, é importante monitorizar a evolução da mobilidade urbana com uma frequência que permita o acompanhamento do crescimento da utilização da bicicleta nessa cidade. Por outro lado, os custos de recolha e processamento de dados dos movimentos dos utilizadores de bicicleta são substanciais. Os utilizadores de bicicleta não são todos iguais nem se deslocam com o mesmo propósito ou frequência. É possível identificar diferentes grupos de utilizadores de bicicleta, de acordo com a sua experiência, nível de segurança e percepção de risco e comportamentos de condução nas deslocações na via pública. Vários estudos têm sido elaborados sobre como os ciclistas escolhem os seus percursos: o conjunto de critérios que têm, como os avaliam e qual a relevância que atribuem a esses critérios. Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), como os bike route planners, podem ser explorados como uma solução para a recolha de dados por observação indirecta. Estes planeadores de percurso podem também ser úteis aos gestores da mobilidade urbana, principalmente em situações em que este tipo de dados não são tão fáceis de obter via observação directa. Lisboa, uma cidade “Principiante” – segundo a classificação PRESTO – que está a dar os primeiros passos na promoção da bicicleta como modo de transporte, foi escolhida como caso de estudo. A falta de informação em questões sobre “quem são os utilizadores de bicicleta em Lisboa”, “qual o seu nível de experiência”, “como e com que propósitos se deslocam”, “quais os seus critérios na escolha de percursos”, “que tipo de bicicleta usam”, “como se comportam”, “como se integram na comunidade”, “que necessidades e sugestões apresentam”, representam algumas das principais lacunas a ser preenchidas. Neste sentido, aplicou-se um questionário extensivo aos utilizadores de bicicleta, com mais de 1000 participantes. Entre várias conclusões, a análise dos resultados revelou que os utilizadores urbanos de bicicleta de Lisboa declaram uma preocupação acrescida em questões de Segurança. Os seus critérios mais importantes nas escolhas de percursos são a segurança na circulação, vias com tráfego de baixa velocidade e preferência por circular em ciclovias. Metade da amostra declarou que usa capacete, e 22% declararam circular nos passeios – onde não é permitido pelo Código da Estrada Português, para pessoas maiores de 10 anos. Mesmo quando parqueiam a sua bicicleta, quase ninguém a deixa na rua durante a noite. Um tratamento estatístico dos dados do questionário, através de uma análise estatística multivariada, tornou possível a definição de três perfis de utilizadores de bicicleta em Lisboa, com diferentes preferências nas escolhas de percursos: Principiante, Desportista de Fim-de-Semana e Commuter (viajante pendular), que podem também ter diferentes necessidades. Estes perfis parecem ser relevantes para o desenvolvimento de políticas e estratégias de mobilidade ciclável específicas para a cidade de Lisboa. Os resultados do estudo mostram que os utilizadores de bicicleta reconhecem a relevância de um planeador de percursos de bicicleta e uma plataforma de comunicação entre os utilizadores e a autoridade local (Município de Lisboa), responsável pela gestão da mobilidade e infraestrutura, e ainda que os utilizadores de bicicleta estão dispostos a participar no desenvolvimento de estratégias de mobilidade ciclável urbana. Esta ferramenta de informação e comunicação teria ao mesmo tempo a capacidade de produzir informações úteis para a gestão da rede ciclável (manutenção, qualidade do pavimento, etc) e informar as estratégias de mobilidade urbana (melhoria/expansão da rede ciclável, estacionamentos, iluminação, mobiliário urbano e serviços para utilizadores, entre outros). Uma análise complementar revela que Lisboa, conhecida como "a cidade das sete colinas", tem uma orografia que não representa uma barreira para a utilização da bicicleta. Combinando os resultados do estudo, Lisboa parece ter um grande potencial para o desenvolvimento de uma cultura da bicicleta.
Publication details
Authors in the community:
Rosa Melo Félix
ist155593
Alexandre Bacelar Gonçalves
ist13663
Title of the publication container
XI Congresso Ibérico “A Bicicleta e a Cidade
Location of the conference
Lisboa
Conference date start
05/03/2014
Fields of Science and Technology (FOS)
civil-engineering - Civil engineering
Publication language (ISO code)
por - Portuguese
Rights type:
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